Um dos argumentos mais utilizados por petistas de alta
patente contra a coligação com o PMDB, apesar dos dois partidos estarem unidos
no plano nacional, era o alto risco de uma eleição com apenas duas candidaturas,
o que aumentava as chances de vitória de RC já no primeiro turno.
O lançamento da candidatura própria do partido ao governo do
estado, tinha, portanto, uma justificativa estratégica, além de reafirmar o
bordão inaugurado em 2012 (“protagonismo petista”), que o PT levou à vitória em
João Pessoa.
Pois bem, o já previsível anúncio da candidatura do Senador
Cássio Cunha Lima imporá uma redefinição das estratégias eleitorais para todos
os partidos, inclusive e principalmente, para o PT.
Se já era discutível a possibilidade de uma terceira via na política
paraibana, imagine agora uma quarta via, que é o espaço que sobrará para o PT diante
das candidaturas de Ricardo Coutinho, Veneziano Vital e Cássio Cunha Lima.
Com o agravante de que a candidatura de Nadja Palitot ainda
é só uma promessa, carecendo ainda de consistência eleitoral.
E, se considerarmos que 2014 é um o ano de Copa do Mundo no
Brasil, que espremerá o tempo de campanha entre meados de julho a início de
outubro, portanto, a pouco mais de dois meses, o desafio petista de empinar a
candidatura de Nadja Palitot é inglório.
Ou alguém acha que o povo se preocupará com eleição antes
que a Copa termine?
Eleição
de Dilma é mesmo prioridade para o PT?
Num quadro com quatro candidaturas, duas de oposição e duas
em apoio ao projeto nacional do PT, não é desconsiderável o risco de um segundo
turno entre dois adversários de Dilma na Paraíba.
E, mesmo que o PT tenha alcançado um novo status político
depois da conquista da prefeitura de João Pessoa, não parece provável que sua
candidata encontre espaço para crescer e se mostrar viável.
Portanto, o quadro eleitoral da Paraíba é muito distinto de
outros estados onde existe o confronto entre peemedebistas e petistas, como é o
caso do Rio de Janeiro e Paraná, onde o PT tem candidaturas eleitoralmente
viáveis na disputa. No caso do Rio, Lindberg Farias está à frente de Antônio
Pezão, do PMDB.
No caso da Paraíba, manter uma candidatura que ainda não
mostrou viabilidade apenas ajuda a acirrar desnecessariamente os ânimos de uma
aliança nacional que anda em crise. E num momento-chave.
Além desse inconveniente atual, é preciso considerar a
situação política que pode se gestar no futuro.
Em razão do fraco desempenho da candidata do PT, não vem a
ser uma consideração despropositada afirmarmos que, hoje, temos três candidatos
com chances de vitória na disputa estadual, e que disputarão as duas vagas no
segundo turno.
Um desses candidatos, Ricardo Coutinho, está sentado na
cadeira de onde conduz uma poderosa máquina administrativa e política do
governo estadual, e que não pode ser subestimado.
O outro, o Senador Cássio Cunha Lima, tenta encarnar o papel
do mais puro antiricardista, e é considerado, hoje, favorito à vitória, desde
que antes consiga registrar sua candidatura.
O terceiro, mas não menos importante, é o ex-prefeito de
Campina Grande, Veneziano Vital, que conta, além da máquina política e eleitoral
do PMDB, o maior partido do estado, com a experiência administrativa de ter governado
por oito anos a segunda maior cidade da Paraíba, além de um potencial
discursivo que normalmente é uma arma poderosa em campanhas eleitorais.
Assim, numa disputa entre esses três candidatos, o risco de
um segundo turno entre PSB e PSDB é altíssimo, o que representará um desastre
político para o PT, que terá de optar, a depender de quem vá para o segundo
turno com Dilma Rousseff, entre um desses dois adversários.
E qualquer um deles que vença representará um sério óbice
para o projeto de o partido manter o controle da Prefeitura de João Pessoa em
2016.
Parece que chegou a hora do PT reavaliar sua estratégia e se
inserir na disputa real que começa a se desenhar para 2014, na Paraíba e no
Brasil. Nesse caso e nessa conjuntura, lançar candidatura própria pode ser a
antítese do protagonismo que o PT exerce desde que conquistou o governo federal,
em 2002.
É essa hegemonia que estará em jogo nas eleições presidenciais
de 2014, com repercussões históricas na vida política do país e da América
Latina.